Gali­za ain­da nom é Espanha por Mau­ri­cio Castro

Sem­pre é boa notí­cia ver as pes­soas saí­rem à rua em defe­sa do nos­so direi­to de auto­de­ter­mi­naçom, se bem a pre­se­nça de um gru­po redu­zi­do na mani­fes­taçom des­te domin­go dá para pen­sar sobre a fal­ta de capa­ci­da­de aglu­ti­na­do­ra da nos­sa esquer­da sobe­ra­nis­ta nes­te momen­to his­tó­ri­co. Alguém duvi­da que somos mais de 200 as gale­gas e gale­gos que apos­ta­mos na nos­sa auto­de­ter­mi­naçom colectiva?

Peran­te a fal­ta de umha ini­cia­ti­va abran­gen­te que terá que che­gar bem além das siglas actual­men­te envol­vi­das, nes­tas horas que rodeiam a con­tes­taçom à Cons­ti­tuiçom espanho­la acolho-me às posiçons publi­ca­men­te expres­sas polos inimi­gos decla­ra­dos da gale­gui­da­de, para assim man­ter a minha con­vi­cçom de que, quer quei­ram, quer nom, somos umha naçom.

Refe­ri­rei, em pri­mei­ro lugar, o caso do máxi­mo repre­sen­tan­te da auto­no­mia gale­ga, Alber­to Núñez Fei­jó, que apro­vei­tou nada menos que umha via­gem ao gran­de Bra­sil, irmao de lín­gua. Dá ver­gonha, a quem se sen­te gale­go e nom pre­ci­sa de mais ape­li­do que o de euro­peu, ver o supos­to repre­sen­tan­te da Gali­za arras­tar na lama des­se jei­to a nos­sa dig­ni­da­de colec­ti­va. Recla­man­do o seu “orgulho de espanhol” e mani­fes­tan­do nom com­preen­der a Gali­za sem Espanha, o com­ple­xa­do líder do PP na Gali­za (que nom PP gale­go) deu novas mos­tras da sua lamen­tá­vel indi­gên­cia pes­soal e política.

O segun­do exem­plo que que­ria refe­rir é o do bea­tís­si­mo Fran­cis­co Vas­ques Vas­ques, que actual­men­te exer­ce de prin­ci­pal diplo­ma­ta do Governo de Espanha no Vati­cano. Vas­ques reconhe­ce numha entre­vis­ta que as suas posiçons em maté­ria de lín­gua som “simi­la­res às do PP”, recla­ma um novo decre­to do ensino que ente­rre de vez qual­quer direi­to efec­ti­vo para a nos­sa comu­ni­da­de lin­güís­ti­ca e insis­te em ofi­cia­li­zar o bar­ba­ris­mo com que a admi­nis­traçom espanho­la detur­pou o nome da Corunha. Tam anti­abor­tis­ta como mili­tan­te anti­ga­le­go, atri­bui “fana­tis­mo” e a quem defen­de o idio­ma mile­ná­rio des­te povo, enquan­to se iden­ti­fi­ca aber­ta­men­te com os ultras de ‘Gali­cia Bilin­güe’. Con­si­de­ra “tota­li­tá­rio” recla­mar para a Gali­za a mes­ma dig­ni­da­de lin­güís­ti­ca que qual­quer idio­ma esta­tal, como o espanhol, já desfruta.

Ambos exem­plos, o do líder do PP na Gali­za e do ranço­so social­ca­tó­li­co reti­ra­do nos exer­cí­cios espi­ri­tuais roma­nos, som gale­gos de nas­ce­nça e espanhóis de vocaçom. Ambos demons­tram com a sua ati­tu­de de mili­tan­te ódio polo país que lhes deu a vida nom só a indig­ni­da­de da renún­cia à iden­ti­da­de, mas tam­bém a per­sis­tên­cia des­sa iden­ti­da­de entre nós, nes­ta pátria ain­da cha­ma­da Galiza.

Nen­gum pre­si­den­te de comu­ni­da­de autó­no­ma espanho­la neces­si­ta exal­tar a espanho­li­da­de da sua regiom nos paí­ses que visi­ta. Ao con­trá­rio, os car­gos públi­cos de Madrid ou de Múr­cia, por exem­plo, limi­tam-se no tema nacio­nal a pro­tes­tar pola pró­pria exis­tên­cia de nacio­na­lis­mos peri­fé­ri­cos que ques­tio­nam a ideia de Espanha. Nom pre­ci­sam de auto­afir­mar-se, pois é cla­ra a sua iden­ti­fi­caçom com a con­diçom nacio­nal con­sa­gra­da pola Cons­ti­tuiçom de 1978, que cada 6 de Dezem­bro todas as ins­ti­tuiçons espanho­las celebram.

Entre­tan­to, os polí­ti­cos de obe­diên­cia espanho­la que man­dam em comu­ni­da­des como a gale­ga, a bas­ca e a cata­lá pre­ci­sam de andar sem­pre a ven­der-nos a sua gan­ga cons­ti­tu­cio­nal, ain­da nom sufi­cien­te­men­te assi­mi­la­da pola “maio­ria silen­cio­sa” dos nos­sos povos, mui­to menos polas barulhen­tas mino­rias independentistas.

É bom saber que a fal­ta da acçom con­jun­ta do nos­so sobe­ra­nis­mo é às vezes supri­da polos nos­sos inimi­gos, que nos lem­bram que Gali­za ain­da nom é Espanha.

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