Governo ban­di­do- Car­los Morais

O novo governo espanhol do PP enca­beça­do por Mariano Rajói é um governo ban­di­do. Ban­di­do no sen­ti­do em que des­en­vol­ve a sua ges­tom em base a rou­bos ou outras ati­vi­da­de­sa­ti­vi­da­des ilí­ci­tas. Mas ban­di­do tam­bém por­que care­ce de honestidade.


Aos pou­cos dias de se cons­ti­tuir, reini­ciou o pro­ces­so de incre­men­to do rou­bo lega­li­za­do das con­quis­tas labo­rais e direi­tos sociais das maio­rias. Simul­ta­nea­men­te, aumen­tou impos­tos e anun­ciou subi­da do IVA para março (após eleiçons anda­luças e a gale­gas?), con­tra­ria­men­te ao que pro­me­teu e jurou dom Mariano e a sua equi­pa ao lon­go da cam­panha elei­to­ral e nos meses pré­vios de des­com­po­siçom da nefas­ta expe­riên­cia zapa­te­ris­ta.

Nen­gumha des­tas medi­das imple­men­ta­das até o momen­to nas pou­cas sema­nas que ocu­pam a Mon­cloa, nem as anun­cia­das e pre­vis­tas, pode e deve sur­preen­der a clas­se obrei­ra com cons­ciên­cia. Som sim­ples­men­te a con­ti­nui­da­de natu­ral do paco­te ultra­li­be­ral que véu apli­can­do Zapa­te­ro e que a troi­ka exi­ge. Nada novo, pois. Cró­ni­ca de umha ofen­si­va anunciada.

Como tam­pou­co é sur­pre­sa algumha a com­po­siçom do execu­ti­vo. Rajói dotou-se de umha equi­pa de pes­soas repre­sen­tan­tes ou liga­das aos seto­res eco­nó­mi­cos e fác­ti­cos mais reacio­ná­rios, que mar­cam as dire­tri­zes socio­eco­nó­mi­cas numha eco­no­mia de mer­ca­do como a espanho­la. Nes­te caso, repre­sen­tam a fraçom mais con­ser­va­do­ra da oli­gar­quia, mas nom nos enga­ne­mos, Mariano nom se fijo ain­da acom­panhar pola ala mais extre­mis­ta do PP na imen­sa maio­ria das áreas de governo, sal­vo na vin­cu­la­da com os apa­relhos coer­ci­ti­vos do Estado.

Iní­cio do início

Na apre­sen­taçom públi­ca das pri­mei­ras medi­das de cor­tes, subi­da de impos­tos e pri­va­ti­zaçons, depois do con­ge­la­men­to do SMI em 641.40€, a vice­pre­si­den­ta do governo espanhol, Sora­ya Sáenz de San­ta­ma­ría, foi mui sin­ce­ra quan­do afir­mou que eram «só o iní­cio do início».

Esta decla­raçom de gue­rra con­tra o con­jun­to dos inter­es­ses popu­la­res vinha pre­via­men­te acom­panha­da de um fac­to que nen­gum meio bur­guês noti­ciou: a Guar­da Civil, nos últi­mos dias de 2011, fechou umha colos­sal com­pra de mate­rial repres­si­vo (basi­ca­men­te gases lacri­mo­gé­neos e «arti­fí­cios fumí­ge­nos») por um milhom e meio de euros.

A ins­ti­tuiçom fun­da­da polo tris­te­men­te céle­bre Duque de Ahu­ma­da é cons­cien­te do cená­rio de con­fron­taçom que se divi­sa no hori­zon­te, à medi­da que as polí­ti­cas neo­li­be­rais sigam gol­pean­do nas con­diçons de vida e tra­balho da clas­se tra­balha­do­ra. Pre­pa­ra-se pois para os com­ba­tes de rua.

Os novos car­gos polí­ti­cos elei­tos para diri­gir tan­to a Guar­da Civil como a Polí­cia Nacio­nal sim repre­sen­tam posiçons extre­mis­tas. Som peças ade­qua­das para nom tre­mer nem duvi­dar sobre o empre­go da força para sufo­car as lui­tas que se prevém.

Mano­bras de distraçom

A bur­gue­sia tem sécu­los de expe­riên­cia, basi­ca­men­te mais de dous­cen­tos anos exer­cen­do como clas­se diri­gen­te e por­tan­to opres­so­ra. Sabe per­fei­ta­men­te da neces­si­da­de de com­bi­nar con­sen­so e repres­som. Empre­gar com habi­li­da­de esta dia­lé­ti­ca per­mi­te man­ter e per­pe­tuar a hege­mo­nia sobre a maio­ria social.

De momen­to na Gali­za a repres­som é bas­tan­te invi­sí­vel, basi­ca­men­te sele­ti­va e tem um efei­to dis­sua­só­rio. O atual nível de des­en­vol­vi­men­to da lui­ta de clas­ses é bai­xo, mui infe­rior à gra­vi­da­de da situaçom obje­ti­va e sobre­to­do ao futu­ro a meio prazo.

Porém o Esta­do bur­guês sabe per­fei­ta­men­te que os tem­pos vam ser tur­bu­len­tos. Sem lugar a dúvi­das pre­pa­ra-se para esse cená­rio, mas de momen­to basi­ca­men­te ten­ta atrasá-lo.

De fac­to, a prin­ci­pal estra­té­gia que está imple­men­tan­do é a difu­som de cor­ti­nas de fumo que des­viem a ate­nçom das mas­sas. Nos últi­mos meses, após a implo­som do movi­men­to 15‑m e a sua «mor­te doce» logo das eleiçons de 20 de novem­bro, ati­vá­rom e apro­fun­dá­rom basi­ca­men­te duas: are­jar os escan­da­lo­sos salá­rios de polí­ti­cos e ban­quei­ros, e a impu­taçom por corru­pçom do gen­ro do Bourbon.

Embo­ra seja umha arma de duplo gume, é efi­caz, ao per­mi­tir con­cen­trar o foco da ate­nçom popu­lar em ques­tons secun­dá­rias e mes­mo tri­viais, evi­tan­do o ques­tio­na­men­to das polí­ti­cas eco­nó­mi­cas e sociais do governo, e sobre­to­do na hora de cons­truir alter­na­ti­vas anticapitalistas.

Com esta estra­té­gia de dis­traçom, con­se­guem inje­tar legi­ti­mi­da­de na demo­cra­cia bur­gue­sa apresentando‑a como trans­pa­ren­te, protegendo‑a assim do neces­sá­rio esco­ra­men­to popu­lar face o ques­tio­na­men­to inte­gral do mode­lo impos­to na segun­da meta­de da déca­da de seten­ta do pas­sa­do século.

A esta­bi­li­da­de do regi­me é apa­ren­te­men­te gran­de, mas tam­bém cada vez som mais visí­veis os seus pon­tos fra­cos e a sua fra­gi­li­da­de. A sua maior vul­ne­ra­bi­li­da­de radi­ca na inca­pa­ci­da­de de man­ter o «con­tra­to social» nego­cia­do na Transiçom. Se nom tives­se sido neces­sá­rio para paliar males maio­res à bur­gue­sia, nom teria difun­di­do os astro­nó­mi­cos salá­rios da cas­ta polí­ti­ca, nem tam­pou­co divul­ga­do os obs­ce­nos salá­rios, pri­mas, liqui­daçons e refor­mas da bur­gue­sia finan­cei­ra, e mui­to menos sal­pi­ca­do a Coroa na corru­pçom gene­ra­li­za­da que cara­te­ri­za o pós-fran­quis­mo. É a polí­ti­ca do mal menor, é neces­sá­rio ceder em algo para man­ter intac­to o cer­ne do modelo.

Porém, seguem con­tan­do com uns alia­dos fun­da­men­tais: o sin­di­ca­lis­mo pac­tis­ta e a esquer­da par­la­men­ta­ris­ta. Som impres­cin­dí­veis para sus­ten­tar este regi­me apo­dre­ci­do que só ofer­ta um futu­ro de misé­ria e exclusom.

A traiçom das suas direçons à lui­ta popu­lar tem sido indis­pen­sá­vel para poder com­preen­der a cal­ma e ato­nia social, e nom nos refe­ri­mos pre­ci­sa­men­te à que cara­te­ri­za o perío­do natalício.

Papel das comunistas

Alte­rar a corre­laçom sub­je­ti­va de forças é vital para fazer fren­te às ameças lança­das pola por­ta-voz do governo espanhol. Nom som momen­tos de aguar­dar por nin­guém, mas sim de ava­nçar na cons­truçom do par­ti­do comu­nis­ta com­ba­ten­te. Mas só é pos­sí­vel for­já-lo ao calor da lui­ta de clas­ses. Cum­pre agi­tar, orga­ni­zar e pro­mo­ver a lui­ta popu­lar con­tra Espanha e o Capital.

Eles tenhem umha estra­té­gia defi­ni­da. Sabem per­fei­ta­men­te o que que­rem. Nós tam­bém. A maior dife­re­nça qua­li­ta­ti­va nes­te des­igual con­fron­to é que nós care­ce­mos dos meios do inimi­go. Porém, nom esta­mos em con­diçons de pro­lon­gar a des­mo­bi­li­zaçom obrei­ra e nacio­nal. Nom pode­mos seguir blo­quea­das e para­li­sa­dos. Há que agir. Pre­pa­rar-se para o con­fron­to, para poder ganhá-lo, para que a revol­ta avan­ce pola via da Revo­luçom Gale­ga. Eis as tare­fas dos comu­nis­tas gale­gas nes­te ano que iniciamos.

Gali­za, 5 de janei­ro de 2012

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